Carta Aberta à População de Afogados da Ingazeira – PE

Venho, por meio desta carta aberta, externar minha profunda indignação e tristeza com a forma como os servidores públicos, em especial os professores, vêm sendo tratados pelo governo municipal de Afogados da Ingazeira – PE.

Sou professora concursada no município desde 2001. Dediquei grande parte da minha vida à educação, sempre com responsabilidade, amor ao ensino e respeito ao meu trabalho. No entanto, nos últimos anos, tenho enfrentado sérios problemas de saúde que me colocaram na luta por uma readaptação funcional — direito de todo servidor em condições similares.

Infelizmente, a realidade em nosso município é de descaso e negação constante de direitos, mesmo diante de laudos médicos e atestados comprovando a necessidade. A junta médica insiste em negar minha readaptação definitiva, ignorando não apenas a documentação apresentada, mas também a minha história de adoecimento e sofrimento. Isso não acontece só comigo — é um drama vivido por muitos colegas que sofrem calados.

Recorro às redes sociais porque aqui, pelo menos, tenho voz. Aqui, meus seguidores e amigos me ouvem, me acolhem e conhecem a verdade que muitos insistem em esconder. Já são anos de processos parados na justiça, de promessas não cumpridas e de injustiças que adoecem mais do que qualquer diagnóstico médico, aliás, meu adoecimento mental veio por motivo do excesso de trabalho, de tantas cobranças diárias que o professor sofre.

Desde 2024, venho exercendo a carga horária de coordenação pedagógica (6h30min diárias), mas sou professora do AEE e recebo como professora, sem jamais ter recebido um centavo de gratificação. Enquanto isso, vejo outros profissionais com múltiplos vínculos, que não cumprem horário, sendo exaltados e premiados. A meritocracia, aqui, é distorcida.

Tenho Transtorno Depressivo Grave, Transtorno de Pânico e vários problemas na coluna e joelho. Tenho dois laudos médicos que comprovam minhas condições mas o perito considerou apenas um, e me concedeu apenas 90 dias de afastamento. A falta de empatia, de cuidado e de respeito tem sido a regra, não a exceção.

Se eu tivesse outro meio de sobreviver, já teria deixado esse trabalho. Mas faltam três anos para minha aposentadoria, e sigo resistindo — mesmo adoecendo um pouco mais a cada dia. Hoje, mal consigo sair de casa. Aquilo em que acreditava sobre a educação foi, aos poucos, desmoronando diante das mentiras, do desprezo e da inversão de valores. A verdade já não tem espaço. A injustiça se tornou rotina.

Pessoas honestas e trabalhadoras são constantemente desacreditadas, enquanto aqueles que agem com falsidade e malícia seguem sendo protegidos e elogiados. E ainda projetam em nós os erros que eles mesmos cometem.

Diante de tudo isso, entrego minha vida, minha saúde, minha família e meu trabalho nas mãos de Deus. É dEle que vem a força que ainda me faz levantar todos os dias. Se não fosse pela fé e pela mão de Deus, eu já teria desistido ou surtado.

Peço respeito, empatia e justiça. Não apenas por mim, mas por todos os servidores que dedicam suas vidas à educação e são tratados com desprezo. O professor é quem mais trabalha na educação, porém, é o menos valorizado.

Assinado,
Uma professora que só quer ser respeitada como ser humano.


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