A Cordinha do Machismo”: Denúncia e Revolta na Feira Livre de Afogados da Ingazeira

Por que só homens passam? Uma


crônica real de desigualdade, desrespeito e silêncio cúmplice em plena luz do dia.

Hoje vivi uma situação revoltante e absurda na feira livre de Afogados da Ingazeira, que faço questão de tornar pública. A cena, por mais simples que pareça, escancara o machismo estrutural, a arbitrariedade e o desprezo com que mulheres ainda são tratadas em pleno 2025.

Ao me aproximar da feira de moto, percebi que uma corda delimitava o acesso à rua. No entanto, um guarda prontamente levantou a corda para um rapaz passar de moto, seguido por um carro de luxo — que, por coincidência, também vinha logo atrás de mim. Quando tentei passar, o mesmo guarda barrou minha entrada. Perguntei o porquê. A resposta? “O rapaz vai estacionar lá dentro.” Argumentei que eu também estacionaria, mas o guarda simplesmente virou o rosto, abaixou a corda e se escorou na parede, sem me dar nenhuma satisfação.

Senti na pele o desprezo e a desigualdade. Mas fiz questão de parar, observar e registrar. Enquanto postava minha indignação no Instagram, vi outra moto entrar — um homem, claro. Depois, mais duas motos conduzidas por homens passaram sem dificuldade. Até minha tia, que chegou depois, me viu ali parada e veio saber o que estava acontecendo. Observamos ao menos oito motos, todas pilotadas por homens, cruzarem livremente a corda.

E as mulheres? Uma senhora numa Biz também foi barrada e precisou estacionar ao lado da corda, como eu.

Qual é a política dessa corda? Quem decide quem pode ou não passar? Por que homens passam e mulheres não? O que justifica que um carro de luxo tenha prioridade, enquanto cidadãs comuns são ignoradas?

A desculpa do “vai estacionar” é fraca, pois eu também iria. A realidade é outra: em Afogados da Ingazeira, o machismo ainda dita regras invisíveis — e quem obedece são os que fingem proteger.

A cada dia, sinto mais vontade de desaparecer dessa cidade onde só tem valor quem tem dinheiro, quem é político ou parente de político. Onde o respeito é seletivo e a autoridade pública fecha os olhos para os abusos cotidianos.

Até quando vamos aceitar que mulheres continuem sendo desrespeitadas? Até quando vamos normalizar esse machismo disfarçado de “ordem” ou “segurança”? Deixo aqui o meu protesto e exijo resposta das autoridades. Porque se homens passam, nós também temos o direito de passar.


 Por: Rossana Márcia

 

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